Troian concedeu uma entrevista ao site Collider, onde ela conta a ideia de Feed, porque ela decidiu fazer dessa maneira e sobre seu novo projeto, Where’d Go Bernadette. Confira traduzido abaixo:

Feed é um verdadeiro trabalho de amor para Troian Bellisario, que escreveu, produziu e interpreta o papel principal no intenso filme sobre uma jovem chamada Olivia (Bellisario), que junto com seu irmão gêmeo Matthew (Tom Felton), nasceram em um mundo privilegiado que espera sucesso e que seus futuros sejam brilhantes. Quando uma tragédia inesperada os separa, Olivia precisa aprender a sobreviver sem sua metade, o que vai testar o quão longe ela está disposta a ir para não quebrar sua ligação.

Durante essa entrevista pelo telefone com o Collider, a atriz Troian Bellisario falou sobre o que a fez querer explorar sua luta do passado com um distúrbio alimentar dessa maneira, como ela queria mergulhar no assunto no primeiro roteiro, o apoio e feedback que teve dos amigos e família, como o filme terminado se compara com o que ela imaginava, e querer dirigir um filme. Ela também falou sobre as sete temporadas que passou em PLL e o que ela tira dessa experiência, bem como sua animação por ser uma parte do novo filme de Richard Linklater, Where’d You Go Bernadette.

Collider: Como você decidiu contar essa história dessa maneira, e explorar seus próprios sentimentos e passado com um um distúrbio alimentar dentro disso?
Muitas vezes, as pessoas tem ideias falsas sobre o que significa lutar contra um distúrbio alimentar, e eu realmente queria achar uma maneira de transmitir uma narrativa que iria desafiar as expectativas das pessoas do que elas pensam da anorexia ou um distúrbio alimentar, e o que eles pensam que parece ou é sentido pela pessoa que passa por isso. De onde isso veio, para mim, era para que as pessoas que nunca lutaram com isso tivessem empatia, e uma grande parte disso era personificando a doença em um personagem que você conhecia e confiava e amava desde o começo. Você viu porque Olivia amava seu irmão Matt, então se ela fosse ouvir ele dizer essas coisas para ela, ela ia seguir as ordens dele e confiar que ele tinha os melhores interesses. No fim, quando ela descobriu que aquilo não era seu irmão e ela estava ouvindo a doença falando com ela, eu pensei que seria uma maneira mais eficaz de tentar comunicar isso.

É uma maneira interessante e diferente de lidar com o assunto porque as pessoas normalmente focam na doença e não no lado humano disso.
Sim. Eu sou grata que você falou isso porque, para mim, muitas pessoas ficam dizendo, “Oh, você sabe que o que você está fazendo é perigoso, então porque você só não come?” O que eu estava tentando transmitir para muitas pessoas é que tem uma larga parte do seu distúrbio alimentar que é lidar com algo mais profundo. É um mecanismo de enfrentamento na sua vida porque eles funcionam. Essa foi uma coisa dura para mim. Eu queria transmitir isso, particularmente com Olivia no começo do seu envolvimento com a doença. Está ajudando ela a fazer o que ela precisa. Está ajudando ela a evitar o processo de luto após perder seu irmão. Está ajudando ela a manter esse exterior perfeito e satisfazer as expectativas de todos e ir para a faculdade. Está ajudando ela de várias maneiras. E então, inevitavelmente, o que isso vai fazer é tirá-la do controle e machucá-la. Isso foi realmente importante para mostrar não o lado positivo, mas porque é tão sedutor e porque você é puxado tão profundamente.

Depois de ter terminado o script, quem foi a primeira pessoa que você deu para ler e dar o feedback, e você recebeu algum que você considerou e incorporou nele?
Muitos dos meus amigos leram esse script e me deram muito apoio e conselhos e pensamentos. Principalmente, eles me apoiaram porque muitas dessas pessoas, incluindo minha família, tem muita experiência com a escrita. Ambos dos meus pais são escritores, e quando eles leram o script, a coisa maravilhosa é que eles não viraram e disseram, “Tudo bem, aqui é onde seu terceiro ato desmorona.” O que eles disseram foi, “Aqui estão as partes que eu pensei que seriam mais fortes. Aqui estão as partes que eu acho que você poderia se apoiar mais. Se essa é sua experiência, você precisa confiar em si mesma o suficiente para seguir em frente com isso.” Foi realmente maravilhoso. Além disso, trabalhei com algumas pessoas realmente maravilhosas. Teve um produtor, chamado Jon Avent, que eu falei sobre isso, que foi maravilhoso e tentou me ajudar a fazer isso por um bom tempo. Ele foi muito útil em me apoiar e apoiar o script e me guiar. E então, por último, quando pude fazer com meu melhor amigo, Tommy Bertelsen, que é o diretor, ele foi muito instrumental para mim e disse, “Aqui está a parte onde eu acho que sei o que você está procurando porque te conheço, mas eu acho que precisa ser puxado para algo mais forte, ou dessa maneira. É assim que precisamos configurar isso, visualmente, para que possamos realmente dirigir o que está acontecendo nessa cena.” Então, eu tive muita ajuda e apoio maravilhosos ao longo do caminho.

Como esse filme finalizado se compara ao que você imaginou, quando você acabou de escrever o script?
Oh, Deus, isso é sempre um desgosto, certo?! Você sonha algo, e eu vivi com esses personagens em minha cabeça por quase sete anos antes de atuar como Olivia. Uma das partes mais assustadoras para mim foi que eu estava tendo essa constante experiência dissociativa, onde eu pensava sobre a cena por anos e anos e anos, e então, do nada, foi tudo gravado e terminado. A quantidade de tempo que tivemos para gravar e as restrições de orçamento e os vizinhos gritando, ou qualquer coisa que nos afetava enquanto gravávamos, eu ficava meio, “Bom, essa é a cena.” Mas, essa é a dor de fazer um filme. Você tem uma ideia do que você quer que o filme seja, e então você grava e enfrenta o filme que você tem. E então, trata-se de fazer esse filme. Tem muitas cenas que tivemos que cortar ou editar ou reconstruir porque elas não funcionavam por x razões, ou era o orçamento ou tempo, ou algo assim. De repente, você fica, “Ok, qual é o objetivo dessa cena e como podemos gravá-la de uma maneira diferente?” Foi uma experiência criativa maravilhosa.

Você diria que você está mais nervosa sobre colocar seu primeiro script no mundo ou sobre atuar nisso e ter que falar sobre como sua própria vida foi inspirada em tudo isso?
Ambos! Meu Deus, totalmente os dois! Eu estou muito nervosa com o fato de que é meu primeiro roteiro. É um novo nível de vulnerabilidade, ao se colocar no mundo. É assustador! Mas eu acho que também é equilibrado pelo fato de que é uma história muito pessoal para mim. Eu tenho muito orgulho da história que contamos e o filme que fizemos. Com tudo que eu queria que fosse diferente, ou o que eu queria ter tido mais tempo ou dinheiro para fazer, acho que funciona. É uma peça linda e poderosa e eu sou grata que tive a chance de fazer.

Você também pode dirigir um episódio de PLL na temporada final. O próximo passo é dirigir um filme e também fazer isso em um que você também escreveu?
Oh, meu Deus! Eu acho que quero aprender mais antes de tentar isso. Uma das maiores coisas para mim, com Feed, que eu disse a mim mesma um tempo atrás foi, “Ou eu vou atuar nisso e eu vou fazer assim, ou eu vou esperar um bom tempo e conseguir uma experiência com direção e então eu vou dirigir com outra pessoa como Olivia.” Eu sabia que eu não queria fazer os dois. Eu sabia que a maneira que eu queria entrar e me envolver com a personagem e eu não queria me preocupar sobre nada que meu diretor tivesse que se preocupar. Foi um papel interno para mim que eu sabia que não poderia ter uma parte extra de mim que estava funcionando de uma maneira que eu tivesse meus olhos em tudo. E Tommy, meu diretor, foi maravilhoso, dessa forma. Ele era tipo, “Você está usando muitos chapéus, e eu só vou permitir que você use um chapéu por vez.” Então, ele viria até mim e diria, “Ei, eu preciso falar com minha produtora,” e teríamos uma conversa de produtores. E então, dizia, “Ok, ótimo, produtor fora. Volte a ser uma atriz. ” E foi maravilhoso porque ele me permitiu fazer uma coisa por ver, e me deu licença criativa e liberdade para fazer isso.

Você teve uma experiência em PLL que é muito rara, a série durou por sete temporadas e você estava lá. Quando você olhar para seu tempo na série, o que você acha que mais se destacará para você?
Apenas a experiência de trabalhar por tanto tempo com esse grupo de pessoas. Havia um nível de facilidade e conforto. Quando você faz algo por mais de 10000 horas – e eu fiz o cálculo e apareceu que eu atingi 10000 horas de atuação em PLL – isso, para mim, foi um momento louco que percebi a facilidade que eu sentia com essa personagem, ou tentar algo e falhar, ou ser ousada, ou me puxar. Nesse ponto, eu sinto que eu estava em casa, e não de uma maneira que eu estivesse entediada, mas de uma maneira que me era dada liberdade. Essas pessoas me viram atuar por sete anos. Se eu fizesse um take e estivesse ruim, eu não precisava ficar envergonhada. Eu poderia falar, “Ei, essa foi ruim. Me deixe fazer de novo.” Ter esse poder e liberdade artística, isso foi realmente importante e uma experiência realmente maravilhosa.

Você também fará parte do próximo filme do Richard Linklater, Where’d You Go Bernadette. Qual a coisa mais emocionante sobre esse projeto?
Oh, tudo! O material em si é esmagador. Tem muitos scripts que você lê e fica, “Ok, eu realmente gosto desse aspecto, mas eu queria que fosse diferente, ou queria que fosse mais forte.” Lendo esse script, eu fiquei presa em um mundo. Foi a mesma experiência que eu tive lendo o livro. Eu sou uma grande fã dos filmes do Richard Linklater, e eu sou uma grande fã do trabalho da Cate Blanchett. Por toda parte, parece que eu estou assistindo o trabalho dos mestres. Eu posso assistir artistas tocar e eu posso tocar com eles. Eu me sinto muito grata.

Você já começou a escrever outros projetos que você espera entrar em produção?
Por tantos anos, se eu ia sentar e escrever, seria para trabalhar em Feed, então é realmente estranho quebrar isso de só trabalhar em uma história. Para mim, é muito sobre me dar a liberdade de sentar e trabalhar nesse tratamento que eu tenho para um programa de TV, ou para trabalhar para um filme, ou escrever uma cena de outra história. É sobre o exercício de tentar expandir minhas habilidades como escritora porque eu me sinto muito nova nisso. Eu tenho muitas coisas que estou animada para escrever, mas é um processo constante, e eu acho que estou apenas começando minha experiência nisso.

Vindo de uma família que está no negócio, e você fez sua estreia como atriz quando era muito nova, quando você decidiu que era isso que você queria fazer e possuir essa decisão para si mesma?
Era algo que eu sempre quis fazer, desde muito jovem, e é por isso que eu era uma menina de 4 anos que já tinha meu primeiro trabalho de atuação. Eu tive sorte de crescer em um set e eu disse aos meus pais, “Eu realmente quero fazer o que os atores estão fazendo.” Eles foram gentil o suficiente para criar um papel para mim e me deixar experienciar isso, e eu fiz, mas eu voltei e eu fiquei meio, “Eu não sei se quero fazer isso. É entediante e você me faz dizer as falas várias vezes.” Eles não colocaram nenhuma pressão em mim para ser atriz. Não foi até eu ser adolescente que eu voltei até eles e disse, “Ei, eu tinha 4 anos, e agora eu não tenho problema em fazer vários takes. Eu realmente quero ser uma atriz.” E eles diziam, “Ok, ótimo! Então, o que você vai fazer sobre isso?” Foi quando eu saí e procurei representação, e então eu percebi que eu não sabia nada sobre o ofício. Eu tinha atores que eu admirava e eu notei que todos estudaram teatro, então foi quando eu comecei a me candidatas a escolas de teatro e queria ter uma educação e construir meu ofício. E não foi até meu primeiro ano da faculdade quando meu pai finalmente me disse, depois de me ver em uma peça, “Quer saber? Talvez você possa mesmo fazer isso.” E não é que eles não me apoiavam. Eles me ensinaram que as coisas não caem do céu no seu colo. Se você quer fazer disso uma longa carreira, você tem que tratar com respeito de uma arte e você tem que aprender constantemente.

Fonte: Collider