Troian concedeu uma entrevista para a Teen Vogue, onde fala sobre Feed e sua relação com os distúrbios alimentares que ela teve no passado. Confira traduzido abaixo:
Troian Bellisario certamente está ocupada desde que PLL acabou mês passado. A atriz, que também fez sua estreia como diretora esse ano, está pronta para apresentar Feed para o mundo: um filme que ela escreveu, estrelou e produziu.
Depois de escutar Troian falar sobre o projeto, se torna claro que Feed é mais que apenas um filme – é um reflexo da própria história da atriz, enquanto simultaneamente serve como um veículo de discussão, conscientização e solidariedade importantes. O filme é centrado em uma colegial chamada Olivia Grey, que, quando conhecemos a primeira vez, está se inscrevendo nas melhores faculdades e buscando o título de líder de turma. Com o apoio de se irmão Matt, Olivia está ansiosa para cumprimentar seu ano final de escola com determinação e perseverança. Mas quando uma tragédia abala a família Grey, o mundo de Olivia virou de cabeça para baixo, e assistimos ela descer lentamente para as garras de um transtorno alimentar – e achar seu caminho de volta para a luz e saúde.
Troian já havia falado sobre a história de Feed, e como isso se relaciona com suas próprias experiências. A atriz vem sendo aberta com sua batalha contra a anorexia, explicando o filme com: “Eu sentei e escrevi uma versão da minha própria história. Não são os eventos exatos, mas o que eu queria fazer com esse filme era pegar o público e fazê-los entender como parece e como é lutar com essa doença.”
E é seguro dizer que sua missão foi cumprida. Enquanto todos os distúrbios alimentares são únicos, Feed consegue capturar algumas das qualidades universais da doença, retratando elas de uma maneira que seja relacionável para as pessoas que experienciaram, e de uma maneira que é educacional para aqueles que não tem. Troian conta a Teen Vogue que um dos seus objetivos era conseguir que o público visse os distúrbios alimentares de uma maneira diferente, para fazê-los entender que essa é uma doença mental série, não é um estilo de vida, ou dieta, ou uma escolha. Seu filme certamente tem a mensagem – e é importante.
Tivemos a chance de falar com Troian sobre o processo de Feed, sua própria história com a doença e como ela espera que a conversa sobre distúrbios alimentares vai mudar no futuro. E mais importante, ela tem uma mensagem poderosa para jovens que podem estar lutando agora – e suas experiências servem de prova que recuperação é possível, e que ninguém está realmente sozinho.
Teen Vogue: Você pode nos contar sobre o processo de escrever o script de Feed? O quanto a história foi baseada na sua própria experiência?
Troian Bellisario: Tem muitas diferentes inspirações. Eu sabia que eu ia escrever do meu ponto de vista, o que não reflete definitivamente todos que tem distúrbios alimentares. É alo que afeta pessoas de todas as raças, todos os padrões socioeconômicos, todos os gêneros. Eu queria examinar a doença de uma maneira que espero que desafie as expectativas das pessoas sobre o que elas pensam que são os distúrbios alimentares. Eu tive muitas pessoas em minha vida imaginando se era só uma obsessão com peso, ou uma necessidade de ser magra. Eu estava tentando transmitir para eles que era muito mais que isso. É uma doença cheia de camadas, muito complicada, realmente perigosa e não apenas vaidade.TV: Do ponto de vista da atuação, como é interpretar um personagem que você criou?
TB: Foi realmente maravilhoso. Tem algo tão libertador sobre alguém escrever um personagem, e você fazer audição para ele, e então escolher você e dizer, “Você! Você é a pessoa que eu queria,” e você fica meio, “Oh, eu tenho essa permissão.” Criar Feed, escrever, produzir e então atuar nele foi muito de mim me dando essa permissão, e me valorizando e dizendo, “Não. Eu posso fazer isso. Eu acredito que posso fazer isso.” E foi muito desafiador porque tem vezes quando eu escuto a voz em minha cabeça dizendo, “O que te dá esse direito? Porque você devia fazer isso? E se tem alguém melhor? E se você não merece isso?” Acho que uma grande parte de mim continua a ter uma recuperação ativa no cara da minha doença que diz, “Não. Eu vou me dar permissão para fazer isso. Eu vou me dar permissão de ser suficiente, e eu vou me dar isso, como um desafio.”TV: Dada sua própria experiência com distúrbios alimentares, foi difícil para você mergulhar na mentalidade da Olivia?
TB: Oh, absolutamente… Eu lembro de me dirigir ao diretor Tommy Bertelsen, e eu disse: “Porque estou fazendo isso comigo mesma? O que estou fazendo?” Ele se virou para mim, e disse: “E se esse filme ajudar outra pessoa a ter uma vida saudável? É por isso que você está fazendo isso.” E eu disse, “Ok. Sim. Você está certo. Apenas uma pessoa é suficiente.”TV: Uma das coisas interessantes sobre o filme é que o personagem Matt age como a personificação do distúrbio alimentar, a “voz” que Olivia ouve. Dá a ideia de que um distúrbio alimentar é muito tangível para os telespectadores – era isso que você estava tentando transmitir?
TB: Absolutamente. Para alguém que experienciou, você sabe que quando essa voz fala, você se sente compelido a ouvir. Você está tentando evitar a punição, ou evitar a dor que vem de não escutá-la. Para alguém que não experiencia um distúrbio alimentar, eles tem que entender o porque alguém é motivado a seguir essas ordens. Personificando essa voz no Matt – alguém que Olivia amava, e era tão ligada – eu estava tentando mostrar para o público que ela seguiria ele em tudo, porque ela não queria perdê-lo novamente.TV: O que você espera que as pessoas tirem do filme?
TB: Eu realmente espero que elas tirem o fato de que essa doença mental é um pouco diferente e um pouco mais complicada do que alguém só querendo ser vaidoso, ou alguém de dieta. Tem muita dor que eu experienciei… me sentindo incompreendida. Eu espero que alguém que assista esse filme que nunca teve um relacionamento desordenado com a comida diga, “Oh, uau. Isso é algo que eu não esperava.” Eles podem ter uma compreensão diferente disso.E eu espero que… Possa inspirar as pessoas a procurar tratamento e levar isso a sério. Uma das coisas que eu realmente queria que as pessoas entendesse é que é assustador. Isso é perigoso, e você está colocando sua vida em perigo. Merece ser tratado com seriedade.
TV: E o que você diz para os telespectadores que se preocupam que podem se sentir engatilhados pelo filme? Você tem alguma sugestão de recursos?
TB: Essa é uma conversa importante. Eu sou muito grata que você trouxe esse assunto. Eu acho que é importante que as pessoas que estão lutando contra um distúrbio alimentar considerem seriamente se querem ou não assistir esse filme. Eu recentemente assisti o filme da Lily Collins, To The Bone, e eu achei que foi fantástico, e eu estou tão feliz que está aí. Se eu me senti engatilhada com ele? Absolutamente. Isso porque você não pode passar por essa doença, ou ser alguém que experienciou essa doença, e não sentar com isso por duas horas, e não se sentir engatilhado.Agora, o mais importante para fazer é exercitar o auto cuidado e auto preservação e dizer: “Eu realmente me sinto… Eu posso assistir um filme como Feed hoje?” Talvez a resposta seja não, ou talvez a resposta seja, “Eu realmente quero sentar com alguém que sou aberta e honesta sobre minhas lutas, assistir juntos, e então falar sobre isso.”
A outra coisa maravilhosa que eu posso recomendar para as pessoas é a NEDA (Associação Nacional dos Distúrbios Alimentares). Eles tem um ótimo site e uma linha gratuita que pode te conectar com profissionais, se você não está em terapia ou procurando tratamento. Eu encorajo as pessoas a ter uma conversa sobre isso… Se não falarmos sobre, o estigma continua aí. Se não falarmos sobre isso, ou descrevermos isso, é um tabu. Uma das piores partes sobre sofrer esse distúrbio alimentar é o sentimento de isolamento e alienação, e sentindo que ninguém entende o que você está passando, ou ninguém tem empatia por isso, ou ninguém leva a sério. Temos que ser corajosos e falar sobre isso, como uma comunidade, e como cultura, e examinar isso, porque do contrário, nunca vamos tirar isso da escuridão.
TV: Absolutamente. Se você pudesse enviar uma mensagem para todas as jovens pessoas que podem estar lutando com um distúrbio alimentar agora, o que você gostaria que eles soubessem?
TB: Eu gostaria que eles soubessem que eles não merecem sofrer sozinhos, que eles estão sofrendo de uma doença que merece ser levada a sério. Merece ser tratada. Eles merecem apoio. Eles merecem viver uma vida feliz. Acho que uma das coisas mais dolorosas sobre distúrbios alimentares é que você fica preso em acreditar que essa é a única maneira que você vai viver pelo resto da vida. Não é verdade. Significa que você precisa ser corajoso, e vulnerável, e honesto, e você precisa falar com alguém e procurar apoio, mas você pode ter uma linda vida se você escolher se dar ajuda.
Fonte: Teen Vogue