Troian concedeu uma entrevista para a Cosmopolitan, onde fala sobre seu filme, Feed. Confira traduzido abaixo:

Só fazem algumas semanas desde o fim de Pretty Little Liars para sempre, mas Troian Bellisario, que fazia Spencer Hastings, está seguindo em frente com um novo projeto. Lançado essa semana, você pode vê-la em Feed (disponíveis em VOD e plataformas digitais, como o iTunes), um filme em que ela não só atua, mas também escreveu e produziu. Troian interpreta Olivia, uma estudante do ensino médio que está indo para Ivy League quando seu irmão gêmeo Matt (Tom Felton), é morto em um acidente de carro. Logo depois de sua morte, Olivia começa a ter visões dele que cresce de forma sinistra com o decorrer do filme. Até o final do filme, os incentivos do fantasma de Matt evoluíram para um transtorno alimentar. Aqui, Troian fala sobre como sua batalha real contra a anorexia inspirou Feed e compartilha seu maior desafio enquanto fazia o filme.

Quanto tempo você trabalhou em Feed?

Eu escrevi Feed alguns meses antes de entrar em Pretty Little Liars. Então eu reescrevi Feed por cinco anos provavelmente. E então nós fizemos Feed e agora está sendo lançado. Eu venho trabalhando nele por 7 anos e meio.

Então isso facilitou ou não para você escrever depois de ter ouvido falar sobre as gêmeas em Pretty Little Liars.

Oh Deus, não, isso teria sido loucura! Crescendo, meus melhores amigos eram irmão e Irma Gêmeos e eu sempre admirei a relação deles, o vínculo profundo e o amor que eles tinham por eles. Mas o que eu realmente queria fazer é explorar o que significa dizer adeus para uma parte de você. Todo o conceito de Matt voltar e falar com Olivia é simplesmente a personificação do transtorno alimentar. Então. O que eu precisava fazer era achar o vínculo que poderia transmitir ao público, “Se essa pessoa falasse, você escutaria.” Se a pessoa com quem você veio ao mundo e experimentou tudo com ele disse: “Ei, eu conheço uma maneira de consertar a sua vida e de recupera-lá, eu vou cuidar de você e eu nunca vou sair do seu lado”, é o vínculo que transmitiria uma audiência, “Claro, eu entendo porque ela está escolhendo mantê-lo por perto, porque ela está escolhendo obedecê-lo.”

Você disse que esse filme foi parcialmente inspirado em sua própria experiência com um distúrbio alimentar. Como foi rever o tema nessa profundidade e por tanto tempo?

Foi desafiador. Descobri que escrever era realmente purificante porque me permitia examinar constantemente o meu processo de recuperação e continuar engajada nessa conversa. Era quase uma espécie de terapia. Mas atuar nele foi algo realmente diferente. Embora esta não seja a minha história, me colocar na mesma posição e ouvir literalmente a personificação de uma doença na qual eu lutei, foi muito desafiador pra mim. Enfim, eu estou realmente orgulhosa do trabalho que fizemos e o filme que fizemos, isso foi um processo importante pra eu passar. Se eu posso falar sobre de modo artístico, de um jeito criativo e se eu posso falar publicamente sobre isso, então talvez isso encoraje outras pessoas que estão out do contra isso, para também falar sobre e pedir ajuda.

Eu não sabia o que Feed era e parecia ser um filme de terror. Então, depois que o assunto estava claro, ele ainda parecia um filme de terror. Isso era um gênero que você estava conscientemente tentando associar enquanto escrevia?

Com certeza. Eu acho que muitas pessoas possuem uma reação compreensível para o termo “questão de filme”, e eu sabia que se eu sentasse para escrever um filme sobre anorexia, as pessoas reagiriam tipo, “Oh não, eu não tenho que ver isso”, ou “Oh, não, eu não tenho experiências com isso”, ou, “Isso não vai me afetar.” O maior mal entendido sobre transtornos alimentares é que essas doenças possuem a maior taxa de mortalidade sem tratamento e 20% das pessoas (com transtornos alimentares) morrem. Eu não acho que muitas pessoas entendem que ter um distúrbio alimentar é na verdade lutar pela sua própria vida e sem tratamento, é incrivelmente perigoso. Eu queria experimentar o terror porque fiquei meio, “O que é mais assustador que isso?” Isso é mais assustador do que um fantasma ou assassino em série. Para mim, algo que é assustador é algo incompreendido, que pode te matar sem tratamento, e que muitas pessoas sofrem disso. Senti que era um gênero perfeito para explorar porque é um assunto assustador.

Sempre que há um filme ou programa de TV sobre distúrbios alimentares, há sempre um debate sobre se é ou não glamorizar a doença demais. Quanto foi em sua mente enquanto você estava fazendo Feed?

É algo que eu tenho e tive muito medo porque, quando você aponta a câmera para algo, você está pedindo uma audiência para concentrar a atenção sobre isso, e muitas pessoas podem dizer que é fetichizar algo ou glamorizar algo. Mas eu também não acho que você possa conversar através de um filme sem realmente aceitar isso. Para eu tentar criar um filme que analise esta doença mental sem realmente explorá-la, eu simplesmente não vejo o ponto. Isso não quer dizer que ser desencadeado não é algo que seja muito perigoso, mas na verdade eu não acho que seja evitável quando você está falando sobre assuntos como depressão ou suicídio ou qualquer forma de doença mental, ou mesmo qualquer coisa. Eu estava falando com um amigo porque assisti recentemente a To The Bone, e fui muito afetada e fiquei profundamente emocionada, e eu fui totalmente desencadeada. Eu disse: “Oh, meu Deus, Feed poderia fazer isso por outros homens e mulheres que estão lutando com essa doença”. Meu amigo disse: “Sim, não tem como você assistir uma história sobre algo que você passou e não relacionar com você, mas, se, no fim das contas, isso leva a uma conversa que pode levar as pessoas a obter ajuda ou procurar tratamento ou falar sobre o sofrimento deles, então poderia valer a pena”.

Ter a cena do sexo era algo com o qual eu também lutava. Eu disse: “Ok, então aqui está essa garota que vai estar muito comprometida com um transtorno alimentar e ela vai se encontrar em uma situação sexual com alguém que realmente a ama”. Como essa pessoa lida com a situação? Você diz alguma coisa? Você não diz alguma coisa? Isso piora? Você rejeita a pessoa porque vê que eles não estão se tratando bem? Como você lida com essa doença mental e sexualidade ao mesmo tempo? Penso que é uma parte muito importante. Espero que as pessoas não vejam isso como fetichizantes. Deve ser uma cena realmente, realmente conflitante, para muitas pessoas a observarem. Isso, para mim, era uma coisa realmente complicada para explorar, e era algo com o que falei com meus parceiros e meus amigos e minha família – seu conflito e luta. Como eles me apoiaram através disso? Como eles me amam quando vêem que eu estou me abusando?

Você pode falar um pouco sobre a cena em que Olivia está tentando colocar alguns vestidos na frente do espelho e eles são muito grandes? Isso parecia um momento em que você estava realmente tentando subverter um clichê sobre distúrbios alimentares.

Esse foi um momento realmente importante para mim, porque muitas pessoas têm essa ideia de que [transtornos alimentares] são tudo sobre vaidade ou querer ser magro. Eu queria retratar um momento em que a pessoa que está lutando com isso realmente não se vê tão bonita. O que acontece quando você não cabe em suas roupas, quando elas estão caindo sozinhas, quando você precisa esconder seu corpo do mundo porque está em perigo e você está morrendo de fome? O que a tranquiliza é esse vestido que eu imaginei ser de sua infância. Aqui está ela, prestes a se tornar uma mulher, em muitos sentidos – ela está tendo sua experiência sexual pela primeira vez em sua vida e está prestes a ir à faculdade – e, de repente, a única coisa que ela pode usar é um vestido de criança. Então, quando ela volta no andar de baixo e se coloca na frente de seus pais, acho que é o momento em que eles realmente reconhecem que as coisas estão muito piores do que imaginavam. Foi uma cena muito importante para transmitir essa parte da doença.

Tradução/Adaptação: Amanda Jordão
Fonte: Cosmopolitan