Troian concedeu uma entrevista para a Glamour, onde fala sobre sua recuperação da anorexia e como seus pais reagiram a Feed. Confira traduzido abaixo:
Troian Bellisario sabe que seu novo filme, FEED, não vai ser fácil para seus fãs assistirem, “Eu realmente queria que as pessoas ficassem com medo da experiência,” ela fala sobre seu projeto apaixonado, que ela escreveu, produziu e estrela, que sai hoje nas plataformas de streaming. “Eu quero que as pessoas entendam que é uma doença perigosa e significa lutar pela sua vida.” É parte do porque ela queria que o título do filme fosse todo em caps lock. “Ver o tratamento do título como capturado na imagem [vida ou morte]. E o título se tornou em como podemos nutrir uns aos outros, e o que significa alimentar essa coisa dentro de você e assistir crescer enquanto você começa a sumir?”
Tem uma razão pela qual a aluna de PLL se sente forte sobre esse tópico. Tendo lutado contra a anorexia enquanto era adolescente, Bellisario, 31 anos, sabe em primeira mão a dor que essa doença pode causar. “É terapia constante,” ela diz sobre manter a doença sob controle, e também como “escolher consistentemente retornar para a saúde… porque você tem muita coisa para viver.”
Bellisario se abriu para a Glamour sobre sua estrada para a recuperação e a história que ela queria contar com o filme.
Glamour: O termo distúrbio alimentar é usado muitas vezes mas nem sempre compreendido. Como você se sente sobre isso?
Troian Bellisario: Eu pensei sobre isso, e eu venho trabalhando com a NEDA (Associação Nacional dos Distúrbios Alimentares), e eu soube que 20 milhões de mulheres e 10 milhões de homens na America em um momento de suas vidas vão passar por um envolvimento com um distúrbio alimentar. Quando eu era mais nova e estava no tratamento, eu ficava meio, “Todos tem uma relação estranha com a comida! Minha mãe tem, meu pai tem, então porque eu sou a única que está lutando assim?” Muitas pessoas falam comigo sobre comer desordenadamente versus ter um distúrbio alimentar, e essa é uma distinção importante. Eu odeio colocar rótulos nas coisas, mas é um guarda chuva importante em cima desse termo onde podem ter muitas subcategorias diferentes e experiências que as pessoas podem ter. Você pode ter um relacionamento desordenado com a comida, mas ter um distúrbio alimentar é um indicativo de doença mental, o que eu acho que precisa de tratamento e reconhecimento de uma maneira diferente.Glamour: Exatamente. Muitas pessoas lutam com a comida e imagem corporal. Eu não conheço um ser humano que está perfeitamente feliz com seu corpo todo o tempo.
TB: Isso pode ser esperado nos dias de hoje e nas idades de hoje, particularmente com cada representação que temos na mídia. Isso foi uma grande coisa para mim, e o porque eu queria tanto fazer FEED. Muita da minha experiência nas redes sociais e ser uma atriz era que eu tenho muitos jovens que vem a mim e dizem, “Oh meu Deus, você é tão perfeita!” e “Olhe essa foto! Você está perfeita!” e não é apenas muita pressão para mim, mas é uma informação falsa. Isso sou eu com duas horas e meia de cabelo e maquiagem. Essa sou eu depois de 10 anos de terapia para recuperação. Eu não sou perfeita. Eu estou superando todos os dias e todo mundo também está – isso merece ser reconhecido.Glamour: Quando você escreveu o script, o quanto você colocou da sua vida?
TB: Definitivamente as qualidades perfeccionistas. Eu sentia muita pressão no ensino médio para ser muito boa. Eu me esforçava demais para fazer isso, o que foi grande parte da minha doença. Tem partes de mim que estão na Olivia, mas tem muitas outras parte de outras pessoas que compartilharam suas histórias comigo. O que eu notei é que compartilhamos muitos dos mesmos sentimentos, mesmo que nossas vidas sejam totalmente diferentes. A voz parecia a mesma de várias maneiras. E foi tão poderoso para alguém que tivesse uma raça ou gênero totalmente diferente.Glamour: Seus pais já assistiram o filme?
TB: Meu pai viu, e minha mãe vai assistir comigo pela primeira vez [hoje], mas ela leu o script. Meu pai disse que ele pensou que o que eu fiz foi corajoso e que ele estava orgulhoso de mim. Quando minha mãe leu o script, fez exatamente o que eu queria, que quando eu estava passando por isso com meus pais e meus irmãos, eles não entendiam. Eles ficavam meio, “Porque você só não come? Você está colocando sua vida em perigo, você não pode ir para a escola, intervimos, você não pode só comer?” E eu não conseguia comunicar isso para eles. Depois que minha mãe leu o script, foi meio que, de repente, “Oh meu Deus, não tinha nada a ver com o seu peso, e era sobre isso e sobre controle.” Tudo que eu vinha tentando falar para eles ficou claro de repente porque eles puderam assistir e ver do meu ponto de vista. Então eu me senti muito grata.Glamour: Você começou a escrever FEED oito anos atrás. Eu imagino que tem ambos prós e contras que levou tanto tempo para ser feito.
TB: Sim, e eu estou grata que aconteceu assim. Eu escrevi FEED três meses antes de pegar PLL, e aí foram sete anos tentando fazer FEED durante os hiatus, conseguindo o dinheiro, encontrando o produtor certo, diretor, elenco. Cada vez eu ficava meio, “Nunca vai acontecer? Será que eu não deveria colocar essa história pra fora?” E então finalmente quando tudo se juntou da maneira que se juntou e com PLL acabando e de repente eu pude colocar pra fora essa história e ter uma fã base que é tão aberta e receptiva em tudo que eu faço, o que eu sou muito grata, eu fiquei meio, oh, é por isso. É por isso que não aconteceu por 8 anos. Eu queria que essa história atingisse e afetasse o máximo de pessoas possível e que fosse vista pelo máximo de pessoas possível, e eu não acho que poderia fazer isso sem minha fã base construída ao longo desses oito anos. Eu sou incrivelmente grata.Glamour: O que você quer que as pessoas saibam dizer para alguém que está passando por um distúrbio alimentar, assim que entrarem em recuperação também?
TB: Para as pessoas que estão assistindo alguém lutar, eu acho que é importante transmitir para eles que você não quer perdê-los. Uma das coisas mais dolorosas é quando dizem, “Só coma isso!” ou “Engorde um pouco que você vai melhorar!” Isso não é verdade. Também, tem tantas pessoas que estão sofrendo de distúrbios alimentares que parecem saudáveis que você não imagina que elas tenham um problema. É importante ter a paciência e a empatia de sentar com alguém e dizer, “Eu sei que você vai lutar mesmo que coma isso ou não, e eu não quero te perder e eu quero que você seja saudável, e eu quero que você viva uma boa vida.”Glamour: Tendo passado pelo por disso, quais técnicas que você usa para que não caia nos antigos hábitos? Como você se certifica de ficar bem?
TB: Terapia é muito importante. Terapia constante. Particularmente gravar esse filme [onde eu tive que perder peso] e me envolver [com esses demônios]… Foi algo que todos os meus amigos e família ficaram meio, “Não vamos deixar você voltar para isso sem levar isso muito, muito a sério.” Para mim, eu ainda estou descobrindo. Uma coisa interessante sobre essa doença mental é que quando você se comporta nesses padrões, eles criam caminhos neurais em seu cérebro. É difícil não ser coerente com eles, e é por isso que a recuperação demora tanto, porque você literalmente precisa criar novos caminhos neurais. Durante minha quase década de recuperação, eu venho podendo criar esses caminhos, mas isso não significa que os pensamentos e as compulsões não estão presentes. É sobre fazer a escolha que consistentemente retorna para a saúde, para consistentemente reinvestir em sua vida, porque você tem muito para viver. Eu acho que me lembrar disso, me lembrar que eu não teria o relacionamento que eu tenho com meu marido e ter o relacionamento com o distúrbio alimentar. E poder ter uma vida completa, uma carreira completa, e isso foi uma grande coisa para mim. Eu não posso representar outros papéis [ou áreas da minha vida] se minha saúde estiver em mal estado.
Fonte: Glamour