Troian foi entrevistada no mês passado pela Interview Magazine e fez uma pequena sessão de fotos para a revista. Na entrevista ela fala o que virá a seguir em sua carreira, o fim de PLL e seu filme Feed. Confira traduzido abaixo:

“Todos ficam me perguntando, ‘O que vem a seguir?'” diz Troian Bellisario no telefone. Ela está falando com sua amiga de longa data e diretora ocasional de PLL, Lesli Linka Glatter. “Eu realmente sinto que Pretty Little Liars foi o primeiro passo na minha carreira, minha base. A mesma coisa com seu novo filme Feed – é o primeiro passo não apenas no mundo do cinema para mim, mas como escritora. Agora eu só quero sentir que tem um momento a frente,” ela continua. “Acho que está na minha mão continuar a criar minhas próprias oportunidades.”

Criada em Los Angeles, Bellisario cresceu na indústria de filmes e televisão: seu pai é o escritor, diretor e produtor Donald P. Bellisario (NCIS; Quantum Leap; Magnum, P.I.) e sua mãe é a diretora, produtora e atriz aposentada Deborah Pratt. Desde que se formou na USC em 2009, Bellisario vem trabalhando constantemente. Pelos últimos sete anos, ela estrelou como Spencer Hastings na série Pretty Little Liars, que está na temporada final. Mais cedo nesse mês ela fez sua estreia como diretora na série, e em julho ela lançará Feed, o filme que ela escreveu, atuou e produziu baseado em sua experiência pessoal com um transtorno alimentar.

Lesli Linka Glatter: Olá, Troian. É ótimo ouvir sua voz.

Troian Bellisario: Olá. Onde você está agora?

Glatter: Estou em LA, no lote da Universal, acredite ou não. Estou no prédio do Johnny Carson. Foi aqui onde tive meu primeiro contrato, então é como voltar para os velhos tempos. Gravando somente fora de LA durante anos, é uma viagem estar de volta ao lote.

Bellisario: Parece menor do que você lembra?

Glatter: Não, não parece menor, mas eu lembro do meu choque e felicidade como uma dançarina moderna, coreógrafa vindo ao lote pela primeira vez. Eu ainda sinto a mágica de ser uma contadora de histórias, e eu amava isso, mas não tenho a mesma coisa de quando vim aqui pela primeira vez e vi as pessoas em fantasias no set – a casa do Norman Bates na colina, a rua de New York, a vila francesa. Apenas a ilha da fantasia de tudo isso. Uma das coisas que são incríveis para mim, Troian, é que nos conhecemos através da sua mãe

Bellisario: Sim.

Glatter: Não foi a reunião clássica em uma audição, foi um primeiro encontro pessoal. Você era muito nova. Sua mãe, Deborah Pratt, e eu nos conhecemos enquanto eu dava aula no American Film Institute – um workshop de diretores para mulheres. Deborah foi uma das mulheres nesse programa e imediatamente nos conectamos. Eu pude trabalhar com sua família e imediatamente quando te conheci, pensei, “Quem é essa pessoa nova e incrível?” Isso continuou até que eu pudesse te conhecer.

Bellisario: Eu lembro de ir a sua casa e passar um tempo com o Nick.

Glatter: Com o Nick, meu filho, e seu irmão, Nick. Os dois Nicks.

Bellisario: Os dois Nicks. Eu lembro de estar feliz com o trabalho que você estava fazendo. Quando descobri que você estaria na sala em uma das chamadas de Pretty Little Liars, eu lembro de ter uma conversa com você dizendo, “Eu nunca fiz isso.” Eu cresci correndo pelos estúdios da Universal, mas fazer audições para pilotos foi algo totalmente novo. Eu nunca vou esquecer a conversa que tivemos sobre o que esse trabalho significaria, o que implicaria se fizéssemos o piloto, e o que você viu que seria história.

Glatter: A coisa que foi irônica sobre tudo isso é que Marlene King, que criou Pretty Little Liars, e eu fizemos um filme juntas. Now and Then de 1995. Ela escreveu, eu dirigi, e tivemos uma ótima experiência juntas. Quando ela me enviou Pretty Little Liars, eu pensei, “Isso é ótimo o suficiente e eu estava realmente interessada em fazer, e ainda sim era sobre as emoções reais e tem mistério.” Eu não sabia, mas eles já haviam lido você, e eu fui até a fita e lá estava você. Você estava na USC e tinha feito toda a preparação de ator para o teatro, então você era uma atriz treinada. Eu fiquei espantada com a profundidade do seu trabalho. É realmente excitante ver você se desenvolver, agora se tornando uma escritora e diretora.

Bellisario: Obrigada. Eu sei que você me contou a história antes, mas é fascinante para mim. Você pode me contar sobre o momento exato que você trocou uma carreira de sucesso como dançarina para uma maneira totalmente diferente de contar histórias?

Glatter: Sim, é uma história louca. Eu era uma dançarina moderna e coreógrafa, e eu passei seis anos em Paris e Londres. Então eu ensinei muito, coreografei e me apresentei no Far East. Eu estava no Japão, em Shinuya (Tókio) e eu queria um copo de café. Tinham duas cafeterias – uma na direita e uma na esquerda – e eu arbitrariamente escolhi a da direita, e minha vida mudou para sempre. Naquela cafeteria tinha um japonês de 70 anos. Havia apenas uma cadeira sobrando – e era na mesa dele. Ele acenou para mim e eu sentei com ele, e eu não deixei a cafeteria pelas próximas seis horas. Ele falava 12 idiomas e tinha sido o correspondente da guerra e tinha literalmente trabalhado pelo mundo todo. Ele foi um monge budista, ele cuidou dos negócios do jornal The Asahi Shimbum na épica. Ele se tornou meu pai japonês e eventualmente me contou uma série de histórias que era extraordinárias e profundas. Tudo isso aconteceu na véspera de Natal, mesmo que ele fosse budista, durante as diferentes guerras, e fosse todo sobre a conexão humana. Quando ele me contou essas histórias, eu sabia que tinha que passá-las adiante e eu sabia que não era na dança. Se eu não tivesse entrado naquela cafeteria, eu ainda seria uma coreógrafa.

Bellisairio: Eram essas histórias sobre a dança?

Glatter: Não eram na média? Eu senti que eu precisava contar a história narrativa. A dança entra dentro do subconsciente e a história por baixo, mas não te diz a narrativa literal. Funciona de maneira diferente, em um nível diferente. Eu senti que tinha recebido essas histórias por uma razão, e é por isso que se tornou meu primeiro filme. Eu fiz tudo que eu fui dita para não fazer se eu quisesse um trabalho em Hollywood: o filme foi três quartos em japonês, tinha flashbacks, narração, uma parte na segunda guerra e teve um personagem branco nele. Mas eu não liguei porque eu queria contar aquela história em particular. Eu sei que sua escrita vem de um lugar lindo e profundo. E como atriz, você está sempre explorando, mas é realmente fascinante para mim que você fez a escolha de estar no banco do motorista. Me conte sobre isso e no que você está trabalhando.

Bellisario: Eu acho que isso são as raízes dos meus pais me falando que se tem uma história que você sente vontade de compartilhar, então você é responsável para fazer isso. Você não pode pedir para alguém pegar uma parte nessa história – ou você pode, mas você terá que lidar com qualquer erro que aconteça. Se a história não termina sendo contada da maneira que você originalmente ouviu ou que você sente que precisa ser expressada, está com você. Antes de entrar para PLL, eu me formei e consegui um emprego no Geffen [Um teatro em LA] para fazer a produção de uma peça chamada Equivocation.

Glatter: Você era a protagonista na peça, certo?

Bellisario: Eu era a única mulher nela – tinham outro quatro caras – e eu era definitivamente a mais nova. Eu estava em um intenso primeiro emprego e eu sabia que ficaria tão nervosa que eu não poderia sair e fazer audição para outras coisas. Tinha esse vazio em mim que eu queria, não encher, mas ocupar. Eu senti que tinha uma história em mim que não tinha sido contada, e era uma história muito pessoal e veio de um ponto da minha vida quando eu senti que tinha experienciado algo, e até hoje, eu não conseguia fazer ninguém entender – mesmo as pessoas que eu amo, mesmo meu namorado ou minha mãe ou meu pai – em como o que eu experienciei foi para mim. Era sobre um distúrbio alimentar, eu descobri que tinham tantas pessoas que pensavam que estavam perdendo peso e sendo magras, e eu não conseguia fazê-los entender que era sobre controle em um nível muito, muito literal. Então eu pensei, “Se eu posso contar uma história que ponha o público em uma posição de fazer uma escolha semelhante a escolha que eu fiz em minha vida, talvez eu consiga que eles se simpatize.

Glatter: Tantas pessoas esperam e não tomam as medidas ativas para ir criar algo; elas serão mais reativas. O fato de você ter dado esse passo, além de ser uma atriz no trabalho de outras pessoas, eu acho que é um balanço incrível para acertar em sua carreira de contadora de histórias. As pessoas entenderam? – sua família e namorado e as pessoas ao seu redor? Eu lembro de ler o script e pensar, “Isso é realmente poderoso e pessoal e muito emocionante.”

Bellisario: Obrigada. Eles me apoiaram muito. Eles ficaram com muito medo, o que eu entendo totalmente. Eles passaram por muita coisas me assistindo e se sentindo impotentes. E eu estava dizendo, “Hey gente, eu sei que eu passei por muita terapia e muitos corações partidos para me deixar forte o suficiente para viver sem essa coisas, mas na verdade eu vou fazer um filme onde eu volto e me envolvo completamente com isso.” Não foi fácil; foi como me envolver com um vício. Uma das coisas que eu queria que o filme explorasse era que uma vez que você tem esse relacionamento, quando você tem esse problema mental ou essa doença, ela nunca vai embora. Suas sinapses são conectadas de uma maneira que você vai sempre sentir essa compulsão, mas você vai crescendo e criando uma vida mais saudável e passa por muita terapia, você tende a se sentir mais capacitada quando se trata de fazer escolhas. Meus caminhos neurais estavam sempre ligados a doença, então quando eu me envolvi com o filme, foi como cutucar um dragão adormecido. Foi incrível para mim perceber, “Oh Deus, isso tudo só está embaixo da superfície. Eu fiquei muito boa em ignorar ou escolher não me envolver com isso.” Mas é incrível que você pode ter essa grande ameaça de vida sendo uma parte de você e ainda viver dentro de você, e quase domá-la de uma maneira estranha.

Glatter: Certo. E fazendo isso, capacitando outros homens e mulheres que tem os mesmos problemas e poder ver isso de outra maneira.

Bellisario: É isso que eu espero, e é por isso que, para mim, tinha que ser um filme. Não poderia ser um documentário sobre minha experiência, não poderia ser só eu contando os detalhes da minha história, tinha que ser uma narrativa que não era sobre mim.

Glatter: Quando você era uma criança crescendo com pais nos filmes e televisão, foi algo que você fanatizou para fazer? Era um mundo que você queria fazer parte?

Bellisario: Sim. Era um mundo que eu sabia e que eu via ambos pai e mãe tão apaixonados e engajados. Crescer no set, eu senti que tinha um microcosmo que eu sempre estaria. Eu não sabia se eu estaria em uma vila de vídeo com você ou minha mãe ou meu pai, ou se eu estaria na sala dos escritores, ou se eu estaria na sala de figurino ou de set ou maquiagem ou cabelo, mas era o mundo que eu conhecia muito bem. Mesmo quando fiquei mais velha, eu comecei a descobrir que os trabalhos que eu queria estavam todos conectados com uma história. Por um tempo, eu fiquei meio, “Eu quero ser uma paleontóliga,” e eu percebi que era porque eu tinha visto Jurassic Park. Então ficava, “Eu quero ser uma patologista criminal,” porque eu tinha assistido O Silêncio dos Inocentes. Eu percebi, com esses empregos diferentes, que eu tinha me conectado com a história deles. Eu queria habitar não apenas um mundo, mas muitos mundos diferentes.

Glatter: Isso é muito interessante. Eu queria ser uma astronauta, então cá entre nós, teríamos abordado muitos campos lá. Mas é interessante que contar histórias é o que nos linkou a tudo isso, e quando você chega ao núcleo, é o que você queria fazer, em qualquer lugar que o negócio te leve.

Bellisario: Vem sendo uma mudança interessante para mim, e Pretty Little Liars realmente apoiou isso, pular de atriz para escritora e diretora. Embora eu tenha escrito Feed antes de conseguir o papel da Spencer, eu não produzi nada ou escrevi nada que foi feito imediatamente até eu estar no set de PLL e me encontrar frustrada. Eu me encontrei tentando comunicar algo em uma cena, e alguém tinha o ponto de vista realista, e eles falavam, “Será que você pode só dizer a fala? Vamos seguir em frente porque temos que conseguir isso.” Eu estava tão indignada e frustrada, e aí percebi, “Não, Troian, seu trabalho é estar aqui e falar essa fala. Se você quer realização criativa ou contar uma história [particular], você precisa fazer disso seu emprego e criar a oportunidade para você mesma.” E nessa virada na primeira temporada de PLL, eu escrevi meu primeiro curta metragem. Então eu marchei para o escritório da produtora de PLL, Lisa Cochran e disse, “Como você produz um curta metragem?” E ela – maravilhosa como é – sentou comigo e disse, “É assim que você produz algo.” Então eu fui até o Richard do transporte e disse, “Como eu consigo um carro? Eu preciso de um trailer.” E eu acabei usando PLL como minha escola para escrever e produzir, e eventualmente para dirigir.

Glatter: Isso é fantástico. Como foi dirigir PLL? Obviamente é uma série que você está há muito tempo, como foi a experiência?

Bellisario: Acho que é muito semelhante a você; toda vez que você volta e dirige um episódio, ou mesmo quando você está no estúdio e passa por nós, é como um retorno para casa. Há uma família lá. Embora eu tenha recebido as rédeas, eu me senti honestamente meio, “Gente, vamos levar essa festa no ônibus e pegar a estrada juntos. Vamos fazer o filme caseiro mais divertido de todos.” Foi como eu me senti depois de sete anos vivendo nesses sets e trabalhando com essa equipe – eu senti que estávamos juntando a família e fazendo algo que era só nosso. Você também sabe do que as pessoas são capazes e o que elas passaram, não apenas em suas vidas, mas artisticamente. Eu senti que tiveram muitos momentos, porque quando eu estava na posição de diretora, onde pude olhar para Lucy Hale e dizer, “Eu sei que você vem querendo explorar esse aspecto da sua personagem por sete anos, e eu quero que você foque nisso nesse take.” Então pude vê-la como uma artista, ir e fazer aquilo. Eu senti um tipo diferente de acesso. Eu imagino que é o mesmo para você em Homeland.

Glatter: Sim, é muito íntimo e eu sou muito sortuda de trabalhar com Claire Danes, que é uma das atrizes mais destemidas que já estive e também um ser humano incrível que felizmente não se parece nada com sua personagem. Tem algo mais que você quer de um diretor agora que você já esteve dos dois lados da câmera?

Bellisario: Eu acho que agora quando eu vou me encontrar com um diretor, a coisa que eu mais me interesso é a voz deles. Quero dizer, visualmente também como a maneira que eles contam a história ou a maneira que eles trabalham comigo como atriz. Agora que eu aprendi a fazer uma lista de gravações e aprendi a cobrir uma cena, não é só reinventar a roda, mas você precisa ter um ponto de vista. Eu quero alguém que tem uma visão dessa história, que quer contar no seu ritmo, esse ritmo, essa cor.

Confira as fotos da sessão de fotos clicando nas miniaturas abaixo:

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Fonte: Interview Magazine