Como havíamos anunciado semana passada, Troian seria a editora convidada no blog de sua melhor amiga, Lulu Brud. Hoje (11), a matéria foi divulgada, confira traduzida abaixo:

Eu sinto orgulho de mim mesma por ser um lobo solitário. Eu gosto de ficar sozinha. Caminhar sozinha, comer sozinha, viajar sozinha. Eu invento desculpas para ficar quieta em minha casa quando meu telefone está pipocando com mensagens sobre uma festa próxima a mim. Isso não é tão frio quanto parece, o que é apenas ansiedade social. Acho que me separo disso porque gosto de viver em minha cabeça. Eu gosto de fazer histórias sobre as pessoas que vejo passando, ou passo meu tempo reavaliando decisões ou memórias do passado, algumas boas, maior parte ruins. Gosto de um filme de Kauffman repetidamente refletindo por trás das minhas pálpebras, eu passo meus momentos quietos imaginando conversas que um dia terei, ou pensando e repensando sobre interações do passado. Me perguntando se eu faria as coisas de outra maneira, imaginando se quando a hora chegar eu tomarei uma decisão diferente, serei corajosa o suficiente para isso. E eu me considero uma viajante do tempo. Eu VIVO no passado e no futuro, e ser um lobo solitário me permite ir pelos caminhos mais eficientes e frequentes do tempo e espaço.

Mas, esse é um trabalho pesado. Eu não posso mudar o passado, então revisitar leva muitas vezes para a mineração e lembrança da dor, e viajar para o futuro não é melhor. Me preparar para um evento desconhecido não leva a prontidão e coragem, mas sim uma ansiedade paralisante… E se der errado, e se eles não… E se eu não… E se eu não conseguir?

Alguns meses atrás, Lulu me perguntou se gostaria de fazer um piquenique para o site Of The Wolves na minha casa. Ela traria muitas comidas gostosas e convidaria boas pessoas e todas faríamos uma atividade juntas e… conversaríamos. Eu estava mortificada. PESSOAS EM MINHA CASA? Ela me odiava? Ela tinha uma intenção maliciosa? Sobre o que falaríamos? Quem seriam eles? Ela tem outros amigos além de mim? Como ela fez isso? Eu a encarei com admiração porque a amo e confio nela e disse… Ok.

Então o dia chegou. Antes dela chegar para preparar a casa eu senti aquela fermentação borbulhante no estômago. Aquela fervura lenta de ansiedade me dizendo que eu seria desajeitada e atrapalhada em volta de novas pessoas. Eu não seria interessante e os deixaria entediados na minha própria casa, e no momento que eu abri a porta para deixar Lulu entrar, eu tenho certeza que meu rosto estava vermelho e escondendo urticárias preliminares embaixo do meu macacão. Eu assisti ela andar pela minha cozinha, tão à vontade com a perspectiva de hospedagem. Fazendo bebidas e colocando pratos e quando veio a primeira batida na porta eu juro por Deus, eu a vi SORRIR. Nós podemos ter nascido no mesmo dia do mesmo ano no mesmo signo cósmico mas eu seria amaldiçoada se eu e minha melhor amiga não fossemos cortadas de diferentes panos… Como seda e ferro.

O resto do bando chegou, algumas pessoas que eu conhecia (a quem eu corri imediatamente) como os outros não. Todos com quem Lulu trabalha no Of The Wolves são mulheres ousadas, bonitas e fascinantes. Que fazem filmes, roupas e jóias, fotógrafas, professoras de yoga, leitoras de tarô, eu tenho certeza que era uma bruxa. Lulu, em sintonia comigo desde que eu tinha 15 anos, rapidamente me fez uma bebida e me deu um lanche e começou a me apresentar a nova gangue, tomando cuidado para levar a conversa pela minha casa e trabalho que seria interessante para as meninas e para mim. Ela parecia uma sereia nadando, ela parecia tão em paz. Então sobre a orientação dela, eu comecei a falar, e comer e fazer carimbos de borracha e imprimi-los em cartões e… rir. Muito. E eventualmente a ansiedade em meu estômago foi substituída por uma calma quente. Eu me encontrei olhando de um modo empático e interessado e não conseguia evitar, contra todas as minhas tentativas de prevenir, lá estava eu, presente com um grupo de mulheres, igualmente presentes no agora. Eu não estava refazendo uma discussão com um ex-namorado de 8 anos atrás, ou imaginando se eu um dia faria o tipo de filmes que eu sonhava quando era uma garotinha. Eu só estava encavando em borracha para fazer estampa em uma tarde quente de domingo, rindo com um grupo de incríveis novas amigas.

E se você pode fazer, você pode apertar o mudo nesse filme constante de dor do passado e medo do futuro, se você pode estar com as pessoas. Esse é o poder de fazer parte do bando, você está sendo atraído para fora de si mesmo, para dentro do grupo, para dentro do agora.